Os fatores determinantes para a
definição do escopo de atuação da consultoria, basicamente, são dois: a
formação (acadêmica e profissional) do consultor e a necessidade mercadológica
de serviços (demanda do mercado).
Quando
se trata do lado acadêmico da consultoria, o papel tradicional da academia tem
sido a de promover o pensamento crítico, sem preocupar a abordagens mais
específicas (ADAMS E ZANZI, 2004). O contexto acadêmico pode ajudar o consultor
a obter um conhecimento das melhores práticas de gestão já estudadas e
utilizadas nas organizações pelos autores da administração, de acordo com a necessidade
organizacional. Este conhecimento evolui e se transforma ao decorrer do tempo.
Muitos modelos de gestão surgem constantemente, cada um com o seu propósito
explicativo sobre as diversas teorias administrativas e organizacionais.
Acontece que nem todo o modelo ou
ferramenta de gestão é adequada e aplicável para todo o tipo de negócio, pelas
particularidades, realidades e necessidades específicas de cada organização.
Daí a importância de o consultor também ter uma boa formação profissional, pois
esta ajuda a conhecer a realidade do mercado e que ações devem ser priorizadas
e operacionalizadas. Um consultor que já possui experiência em uma área ou
setor específico (mercadológico ou organizacional), pode ter uma maior
facilidade na análise e na busca por soluções ao negócio estudado. De certa
forma, o contexto diário de funcionamento da organização fica muito claro na
cabeça de um profissional experiente. E com o conhecimento acadêmico adquirido,
ele pode observar, através de sua visão mercadológica, que formato técnico de
gestão deve ser utilizado para cada situação e cliente corporativo.
Para algumas áreas de conhecimento,
os cursos profissionais de certificação também são pontos favoráveis tanto à
formação do consultor, quanto ao fortalecimento comercial de seu nome no
mercado. Para quem atua na área de processos e tecnologia da informação, por
exemplo, as certificações em gerenciamento de projetos é algo primordial para o
profissional de consultoria. Em mercados mais avançados, algumas certificações
são pré-requisitos para definir a contratação de um consultor de empresas.
Outro ponto relevante a ser
esclarecido para os iniciantes em consultoria empresarial se refere à
necessidade mercadológica existente. De nada adianta o consultor ser
especialista e ter uma boa formação e experiência em uma área específica que
não gera demanda para o mercado em que ele pretende atuar. Isto é bastante
comum no cotidiano mercadológico. É importante que o profissional tenha a visão
de que, além da necessidade de estruturar sua carreira profissional, ele
entenda a real necessidade e demanda para o tipo de serviço que ele pretende
oferecer ao mercado.
Existem situações em que o mercado
de atuação do consultor não está tão amadurecido para desenvolver serviços mais
avançados de consultoria, ao passo que surgem as oportunidades para trabalhar
com processos básicos de estruturação de uma empresa. Um exemplo disso são os pequenos mercados,
tratando-se de cidades menores, onde há uma prevalência de micro e pequenas
empresas de gestão familiar e mais centralizada. Como o nível de formalização
da gestão destas empresas em geral é menor, os problemas críticos existentes
nestes grupos empresariais não se restringem a uma área específica
organizacional. Isto de certa forma interfere diretamente na formação técnica e
profissional do consultor, que precisa ser um pouco mais ampla, além da
necessidade de adequação da estrutura de serviços oferecida a este público empresarial.
Além disso, existe uma necessidade maior de difusão das ferramentas e modelos
de intervenção em consultoria para este tipo de organização, em virtude do
baixo nível de profissionalização (POSSO, 2006).
Em
outras realidades, como por exemplo, em grandes centros, a estrutura básica de
funcionamento das organizações em geral é desenvolvida para estes mercados.
Isto se deve, de fato, ao nível de competitividade existente que exige maior
profissionalismo das organizações. Em consequência disto, a necessidade de
melhoria na estrutura destas organizações está associada à áreas mais
específicas, que podem, em muitos casos, ajudar ainda mais no desenvolvimento
da estrutura organizacional e elevar a empresa a um patamar maior de
competição.
Referências:
ADAMS,
Susan M.; ZANZI, Alberto. Academic development for careers in management
consulting. Career Development International, v. 9, nº 6, p. 559-577,
2004.
POSSO, Melquicedec Lozano. La relación intrafamiliar en entornos empresariales: incursión a un modelo de diagnóstico. Estudios Gerenciales, v. 22, nº 10, p. 125-150, jul./set. 2006.
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